A vida de Pedro não estava muito boa naquele momento. Preso, acusado de ter matado seu melhor amigo foi apenas uma simples obra do acaso. Aliás, Pedro não fora condenado apenas pelo assassinato de Xavier, mas ele também foi associado a vários outros casos pelo fato dos policiais terem identificado ele como o Ceifador, assassino que utilizava apenas armas brancas e ficava conhecido por levar as almas para o inferno. Havia momentos na infância em que ele apenas ficava "fora do ar", se perdendo em seus próprios pensamentos, isso fazia com que ele agisse por alguns segundos sem mesmo perceber.
Uma semana antes da prisão de Pedro, estava um grande investigador que acabava de ser rebaixado por indisciplina para um simples cargo de escrivão "Fiz o que devia " era o que ele falava. Seu nome? Juca Meneses. Chegou ao cargo de investigador com ajuda de seu pai, ex-delegado ,Carlos "Muralha" Meneses. Carlos era um cara "curto e grosso" como diriam os seus antigos parceiros de investigação, tinha um metro e cinquenta e oito, um bigode a lá Stalin e uma voz de tenor que ecoava por todos os lugares que ele passava.
Havia em sua personalidade uma sede por casos que o levava às vezes ao extremo na busca pelos criminosos, isso poderia ter lhe causado uma demissão pelo fato de que isso poderia leva-lo a falhas , porém ocorreu exatamente o oposto uma promoção o levou ao cargo de delegado, pelo grande sucesso em suas investigações, transformando um mero investigador em um respeitado e famoso delegado reconhecido na cidade de São Paulo.
Juca não era realmente respeitado antes de ser rebaixado, pois todos sabiam como ele havia chegado àquele cargo, tal conquista só foi possível pela ajuda do seu pai. Existia um esquema criado pelos policiais militares para que um policial comum chegasse a uma promoção, era uma questão simples e fácil que poderia ser resolvida em algumas horas, bastava que um superior (comprado) ligasse para alguns de seus amigos policiais, haveria um assassinato feito por eles e o cenário já estaria todo forjado para que Juca fosse o primeiro a chegar a cena do crime podendo investigar e entregar pessoas que estavam próximas daquele local, elas sem nenhum álibi seriam presas, auxiliando a ascensão do policial ao posto de investigador.
No dia do crime...
Já se passaram seis dias desde que Juca fora rebaixado, não aguentava mais ouvir sermão do chefe, afinal ele não queria estar lá. Juca estava realmente querendo voltar ao cargo de investigador e para isso precisaria "lavar" a mão de alguns. Primeiro foi o novo delegado que havia substituído seu pai, chamava-se Alberto Vonelllo e já se destacava na polícia por ser o Mão Molhada, acreditava-se que em toda sua carreira ele já havia recebido propina de oitenta e cinco policiais e naquele momento até aceitava cartão. Depois foram os quatro policiais militares: Roberto Prado "Calcinha" conhecido pelas suas atuações como travesti na boate "Sun" local muito frequentado por policiais,estava nesse outro emprego para complementar a merreca de salário que ele ganhava , chegamos ao Manuel Leão o policial mais clássico da corporação , famoso por ser um grande soldado do exército e chamado para muitas campanhas, porém por ser um cara muito orgulhoso desacatou ordens de seus superiores pedirem algo que ia contra os princípios desse senhor, acabou saindo do exército sendo chamado pelo Vonello para se tornar um policial militar,não aceitava qualquer tipo de propina, acaba de completar sessenta anos e se considera o cara mais honesto da cidade.
Aparece aqui também um policial chamado Ted, um americano do Texas que nunca conseguiu passar num exame para se tornar policial. Após uma visita ao Brasil de férias, aproveitou para ver como funcionava a polícia de São Paulo e percebeu uma oportunidade, foi o primeiro a molhar com grana internacional a mão de Alberto, com o intuito de mostrar ao seu pai Jack que ele poderia se orgulhar do filho pelo menos uma vez. O último e mais temido do grupo é o Celso, foi treinado para ser um espião e utiliza de todos os métodos legais (ilegais também) para pegar não somente o criminoso mas quem vai contra suas ideias, trabalhou como torturador na Ditadura e ao final desta achou uma brecha em meio a queda do regime militar queimando toda prova que ligasse ele ao DOI-CODI. Por último um membro fantasma que só o Muralha até então conhecia e que estava por trás dessa papagaiada toda.
Vinte minutos antes do crime...
O grupo agora estava chegando ao local da armação, agora todos os quatro possuíam codinomes para que seus nomes não fossem colocados em uma ficha criminal. Seriam os quatro cavaleiros do apocalipse trazendo para o mundo uma nova realidade. Quando eles chegavam era um sinal de que a merda já estava quase feita. Um dos cavaleiros mais habilidosos organizou todo o esquema, seu codinome seria "Morte" representado pelo Celso. Arquitetou todo o plano para a captura e execução de um civil para que não houvesse pistas relacionadas ao grupo. Observou uma ruela bem interessante onde todo o fato poderia ser forjado e uma outra pessoa seria culpada. Para que não tivesse outra testemunha além da desejada a Morte fez questão de escolher um horário de pouco movimento e que todo o seu plano pudesse funcionar corretamente sem nenhum problema.
Agora o trabalho de executar estaria nas mãos de "Guerra" representado sabiamente pelo Manuel Leão, com sua experiência bélica ele conseguiu escolher a arma certa e o melhor jeito de matar um civil deixando outra pessoa para sofrer as consequências da prisão. Por último mas não menos importante estão Roberto Prado e Ted com seus codinomes "Fome" e "Praga" que teriam a função de serem os responsáveis por denunciar a pessoa que acabava de ser enganada pelo projeto chamado "Apocalipse". Toda essa baboseira de quatro cavaleiros do apocalipse havia sido uma ideia cogitada pelo Manuel devido a sua religiosidade e fixação no Apocalipse, o último livro da bíblia. Primeiramente uma mulher entrou no beco ,mas não sozinha, estava com a família pegando um atalho para o lugar onde estava o carro, depois veio a vítima perfeita um cara que estava saindo no horário do almoço junto de seu amigo de trabalho, agora era só colocar em prática o que fora planejado.
Manuel mesmo sendo um cara senil ainda possuía habilidades afinadíssimas de combate, esperou os dois entrarem no beco e no meio do caminho utilizou-se de uma faca de açougueiro acertando a jugular do rapaz, mas a reação da outra pessoa que estava com ele foi inesperada, o amigo com raiva do assassino começou a tentar esmurrar Guerra mas não havia muito o que fazer se o amigo não cooperasse a missão seria falha, então Guerra, impaciente, decide dar uma facada no peito do homem que estava tentando se defender.
Quando os "Quatro Cavaleiros" já esperavam a merda escorrer pelas suas mãos, eis que surge então a testemunha que salvou a carreira do cara que não possuía qualquer autoridade no departamento, descobriu-se que a vítima do assassinato trabalhava próximo daquele local, se chamava Xavier e quem havia encontrado o corpo era o amigo dele Pedro.Após a chegada dele ao local do crime, Fome se organizava pra ligar para Juca e Praga arrumava o carro para que os dois pudessem fugir rapidamente do local, Pedro quando tentou sair do local viu a testemunha ligar para a polícia e pimba, gol para Juca Meneses.
Foi feita uma festa pelos ajudantes do novo delegado ,mas não por Juca recuperar seu emprego, a festa seria para aqueles que estavam felizes pela missão bem feita.