quarta-feira, 25 de março de 2015

O livro do anonimato

Prefácio

As luzes se apagam e a real natureza do homem surge, a hipnose cotidiana é desligada e o mundo real é tão diferente para o homem que os seus instintos prevalecem, a cidade dorme. Ao primeiro raio de luz gerado pela aurora, o homem fica atordoado, inerte, porém acordado. Levanta da sua cama e procura o seu diário, pensa, divaga, lembra daquela música do dia anterior, volta a procurar o seu caderno de anotações diárias e acaba lembrando-se das mulheres lindas que viu na festa. Anda, tropeça e acaba machucando sua perna na cômoda, com raiva, o homem chamado Erico, irado, chutou com toda a sua força aquilo que considerava inútil, pois não havia roupas suficientes para colocar no móvel. Tratava-se de um presente entregue aos seus pais pelos quinze anos de casamento, feito de mogno, uma madeira bastante resistente e pesada, era encerado todos os dias, o que demonstrava o orgulho de uma família unida, mas hoje é apenas uma lembrança para José. Ao chutar a cômoda, ela caiu e quebrou uma parte do piso, revelando até então algo que não parecia muito convidativo, era frio, uma coisa que não sabia que existia em seu quarto, o Livro do Anonimato. 

Na vila de José havia a história de um livro até então que possuía informações importantes sobre o maior tesouro já conhecido, o amuleto de Dócades que concedia a quem o encontrasse o poder de destruir qualquer tipo de obstáculo, tornando até então possível conquistar o mundo. Não se sabe até então quem publicou o livro que havia se perdido durante várias gerações... até agora.

Era estranho e trabalhosamente pesado, poderia ser algum resquício do antigo morador da casa? Ou era um livro que explicava melhor a história da sua família? Tentou abrir o livro insistentemente mas de algum modo o livro estava selado e não havia qualquer modo para abri-lo percebi que havia bilhete junto ao livro “ Não abra em hipótese alguma! O caos reina enquanto tolos tentam me decifrar. Apenas os tolos prosseguem".
 
No mesmo dia, Pedro era então um rei muito famoso, famoso pela loucura, pois autoproclamava-se rei da província, mas era então rejeitado pelas pessoas pois já havia um rei poderoso e bondoso. Irado e sem poder para derrubá-lo, procurou várias formas para conquistar poder: tentou criar exércitos, golpes de estado, mas nada funcionava. Então, pesquisou em bibliotecas, procurando arquivos antigos que pudessem esclarecer as suas ideias, até que então encontra um fragmento de texto sobre um livro sagrado que continha grandes segredos e poderia ser possível chegar a uma fonte de poder  inesgotável.

1. Quem reinará neste lugar ?

A noite estava calma, aconchegante, fria e parecia continuar assim até o nascer do sol. Frederico já estava de pé, desistiu do seu cobertor e já estava na cozinha, preocupado com os impostos que devia ao rei e havia recebido então um ultimato, pagaria os impostos devidos e seguiria sua vida sendo explorado ou seria preso, tornando-se escravo do rei para pagar o que devia. Não sabendo então o que fazer, foi então até a casa de Carlos no meio da noite. Ele era então conhecido por emprestar uma grande quantidade de dinheiro em troca de algumas ações em favor do bando ao qual participava chamado Bandoleiros Destemidos. Conhecidos por vários outros bandos do reino de Algora, seu discurso sempre se baseava em "Roubo, tirania e agonia "  parodiando então o lema da bandeira de Algora que dizia em um puro dretão "Jutzic, igrantic yz modromunc" que significava "Justiça, igualdade e mordomia", com isso então, o dinheiro que se ganhava nos roubos ao castelo do rei iam diretamente para um esconderijo e então divididos para todos os plebeus. Voltando ao caso de Frederico, ele discretamente passou pela rua de um dos distritos de Algora e utilizou o código dos Bandoleiros, Carlos abriu um pouco a porta e estava acompanhado de uma bela loira de olhos azuis, corpo estonteante, além de uma voz que parecia ter vindo diretamente do céu. Fechou então a porta e pediu para esperar um momento, saiu da casa e disse que estava atrasado para uma reunião em um local subterrâneo da cidade de Bentuc uma das quatro cidades localizada no Distrito Norte de Algora. O distrito do norte era composto por quatro cidades: Praknem, Knopik, Avren e Bentuc. Praknem era a principal cidade do Distrito, composta por muitos estrangeiros do reino vizinho, trazendo então uma nova forma de agricultura e pecuária que tornava a colheita e a criação de animais com muito mais rendimento em matéria prima, passando de um artesanato arcaico e lento para uma mão de obra em massa que conseguia aproveitar muito bem de sua produção, sendo então um trunfo para o comércio de Praknem com outras cidades. Knopik por outro lado, trazia as consequências de uma cidade vizinha a Praknem, uma cidade até então pouco habitada, arrasada pela peste bubônica e as pessoas que não ficaram doentes, foram juntamente com os estrangeiros para Praknem e Bentuc procurando melhores condições de vida. Avren era a cidade que possuía um maior equilíbrio social e econômico, com leis e serviços avançados comparado a outras cidades do distrito, com oportunidades de crescimento moral e populacional graças a suas medidas preventivas às doenças da época evitando grandes perdas com a chegada da peste. Por fim, Bentuc se configura como um antigo polo do distrito e estava superlotado, correndo o risco de auto-destruir pois não se conseguia muita matéria prima para a expansão da cidade, fazendo com que os produtos disponíveis para trocas se tornassem cada vez mais escassos.


Um dia qualquer - Parte 3 - A ascensão

Nada parecia ser animador para a vida de José, acabava de perder o emprego, o aluguel estava atrasado e sua mulher até então Josefa desistiu de viver junto a ele. Possuía os contatos mais importantes da cidade mas a maioria deles tratava de negócios ilegais, geralmente com algo ligado a drogas, milícias, tráfico de pessoas e grande parte do transporte das armas compradas ilegalmente, esse era um dos motivos para Josefa alertar José do perigo que até então tinha. Olhando para trás, José pensa como chegou até esse determinado ponto da sua vida. Na infância se juntou a uma turma de pessoas que participavam de rituais de uma nova religião pagã, em que várias pessoas se banhavam com a urina da vítima, depois cortavam os pulsos da pessoa antes dela ser sacrificada, cada pessoa participava de uma das etapas do ritual. Nesse momento a pessoa encontrada para esse ritual era uma prostituta russa que veio ao Brasil fugindo do resquício da antiga KGB , Helen. Tudo estava ocorrendo normalmente, quando em um determinado momento a puta até então não havia oferecido muita resistência, em um súbito instante, ela consegue se desamarrar e corre para pedir ajuda. Agora era o momento mais tenso daquela noite de uma segunda-feira e a prostituta conseguiu pedir ajuda , mas a ajuda até então chegou tarde demais, o corpo da russa estava ensanguentado e com cortes no antebraço, o rosto manchado de sangue e apenas um suspeito com uma faca cravejada no coração da vítima e um círculo místico desenhado embaixo dele, alguns papéis com palavras de outra língua e vários traços demonstrando o que cada pessoa deveria falar... esse caso foi conhecido como Massacre Tradicional pelo fato da maioria das vítimas serem pessoas que abusavam dos pecados capitais e traziam até então, a necessidade de limpar da sociedade todos esse pecadores. Claro que o caso nunca chegou a ser julgado, pelo fato da maioria das crianças que ali participavam pertenciam a famílias muito ricas e bem influentes na cidade. A ascensão de José Ramos ocorreu então desde a sua infância com um estímulo dos seus colegas acabou se tornando um dos maiores chefes do crime da cidade de São Paulo, até que um dia conheceu Josefa. Josefa era uma garçonete num bar próximo ao seu primeiro e único trabalho legal, ele então sempre ia ao bar e pedia um cuba libre e fazia uma piadinha " Cuba não está livre dela mesma" e a garçonete sempre ria um pouco, ria mais por se sentir atraída por ele do que pelo próprio sentido.

Até que um dia José resolve convida-la pra sair para um jantar e descobre que ela então queria ser atriz mas não conseguiu apoio da família e fugiu procurando realizar seu sonho, fez todos os tipos de testes mas não tinha qualquer qualificação até então, mas naquele momento em que José tinha convidado pra sair ela iria pra o primeiro teste que ela realmente memorizou. Então houve o primeiro sucesso da vida de Josefa, feliz e contente, queria então comemorar com a pessoa que mais lhe agradava, José. Toda essa situação parecia feliz e tranquila, até que José descobre a gravidez de Josefa depois de uma semana, além disso, havia rumores de que alguns traficantes não haviam recebido uma encomenda feita por José e então havia o medo e a ansiedade, essa dualidade de sentimentos com o objetivo de José proteger a sua família e deixar essa vida de cão. Para resolver o problema com o tráfico, José se entrega a polícia buscando proteção e em troca ele poderia ajudar a prender os traficantes que estavam atrás dele e assim tranquilizar a cidade por um tempo,. Josefa acreditava estar segura e por um longo tempo eles viveram acreditando no sistema de proteção, mas nem tudo na vida são flores. Numa manhã de domingo os policiais escoltaram José, Josefa e sua filha Maria que já tinha 4 anos até um supermercado local, um homem então encarou de longe e começou a falar ao telefone logo após a entrada no mercado... A merda estava prestes a acontecer e aconteceu. Junto do homem que havia ligado vieram mais outros dois carregando pistolas automáticas e um tinha uma escopeta nas costas.

Os policiais prontamente atiraram mas logo foram alvejados e apenas um deles conseguiu sobreviver e se esconder, quanto aos três membros da família eles estavam escondidos debaixo da área das frutas, só que por descuido de Josefa, Maria acabou saindo curiosa e alegre querendo brincar, mas os estranhos não estavam pra brincadeira e cruelmente um deles pegou a escopeta e atirou na cabeça de Maria fazendo com que seus miolos respingassem sobre a pele de Josefa que então histérica saiu do esconderijo chorando e perguntando o porquê de tanta maldade, Josefa e José então estavam indo de encontro aos traficantes mas o policial sobrevivente solicitou mais viaturas para o local, fazendo com que uma delas batesse de frente com o carro dos comparsas dos traficantes, Josefa não parava de tremer, não falava nada, murmurava algo sem sentido, José então tentou acalma-la já que a polícia tinha resolvido o assunto e descoberto onde o traficante estava graças ao principal investigador do caso, Carlos Muralha ou o pequeno Stalin contemporâneo.